*Por Suzeti Ferreira
Atingir 312,4 milhões de toneladas de produção de grãos será um marco significativo para o agronegócio brasileiro. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra 2022/2023 deve alcançar um novo recorde, com 41,4 milhões de toneladas acima da temporada recentemente finalizada. As perspectivas da Conab apontam, ainda, que a soja e o milho juntos serão responsáveis pela produção de 279 milhões de toneladas. Todos esses números mostram a força de um setor que conseguiu se superar mesmo com adversidades como as últimas recessões econômicas e a pandemia. Mas, para alcançar essas expectativas de produção, os agricultores terão bastante trabalho pela frente e muitas decisões importantes a tomar, e uma delas é a escolha das sementes.
Responsáveis por 12% a 15% do total do custo de produção, as sementes são o início de toda a estratégia para a sequência de uma boa safra, além de serem o principal insumo da produção agrícola e assegurarem um campo sadio e vigoroso. A escolha das sementes tem impacto em outras tomadas de decisões importantes para o agricultor no planejamento dos tratos culturais e da colheita, como a quantidade de aplicação de agroquímicos e a utilização de fertilizantes e de sistema de irrigação.
Estima-se que o valor da indústria global de sementes é de cerca de 52 bilhões de dólares, com o Brasil dentre os três países com o maior mercado, ao lado dos Estados Unidos e da China, de acordo com a CropLife. Nosso parque sementeiro é bastante diversificado, o que nos torna referência mundial no desenvolvimento de variedades diversas, principalmente de milho e soja, adaptadas às condições tropicais e subtropicais. Dados da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (ABRASEM) mostram que a safra de sementes de soja, milho, algodão, trigo, arroz e feijão saltou de 1,7 milhão para 4 milhões de toneladas no país em um período de dez anos.
Na história, as sementes têm um papel fundamental no processo da evolução humana. Há cerca de dez mil anos, o homem deixou de ser nômade ou caçador-coletor para se estabelecer em um local fixo, passando a utilizar os grãos como uma de suas fontes de sustento. Tempos depois, as primeiras técnicas necessárias para o aprimoramento do milho, realizadas pelos povos indígenas no México, ajudaram a aumentar a quantidade e o tamanho dos grãos produzidos. Isso facilitou espalhar a cultura por todo o continente americano, auxiliando as sementes a ganharem cada vez mais espaço como na alimentação. Entre 1950 e o final dos anos 1960, a Revolução Verde, marcada por pesquisa e desenvolvimento, foi um divisor de águas para a produção agrícola, contribuindo para a melhoria da produtividade, a resistência a fatores bióticos e abióticos, e o tamanho e uniformidade das plantas.
Atualmente, a inovação na produção de sementes, orientada pela ciência e alinhada à colaboração e à agilidade, tem permitido ajudar os agricultores a enfrentarem desafios complexos do campo, como produzir mais, ao mesmo tempo em que encaram questões como a preservação dos recursos naturais e as mudanças climáticas que ameaçam a produtividade das fazendas. O cuidado com o solo, por meio de práticas de agricultura regenerativa, é de elevada importância para a mitigação dos impactos ambientais, e, aliado ao desenvolvimento de sementes robustas, adaptadas às necessidades de cada produtor, é um dos segredos para uma agricultura mais produtiva e sustentável.
O futuro é promissor para o agronegócio e a produção de sementes terá papel primordial neste horizonte de tempo para que possamos continuar fornecendo alimentos para um mundo em constante crescimento populacional. Porém, somente um trabalho realizado de forma conjunta entre as empresas, as organizações e o produtor rural garantirá a entrega das sementes de qualidade que o mercado precisa para atender à essa demanda global.
*Suzeti Ferreira é diretora da unidade de negócios Brasil e Paraguai da Syngenta Seeds
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