Raça Girolando tem queda de 40% nas emissões de metano

Divulgação

Raça completa 27 anos em fevereiro e continua na liderança dos registros genealógicos efetuados entre os bovinos leiteiros no Brasil


      O dia 1° de fevereiro marca o reconhecimento oficial do Girolando como raça bovina brasileira pelo Ministério da Agricultura, fato que ocorreu no ano de 1996. Responsável por 80% do leite produzido no país, conforme dados da Embrapa Gado de Leite, a raça atende o conceito de “Vaca do futuro”, que se baseia em um animal que cause menor impacto ambiental, tenha maior eficiência em produção, tolerante às mudanças climáticas e que contribua para a redução na emissão de gases de efeito estufa.  

Estudos realizados pela Embrapa Gado de Leite ao longo de 18 anos (2000 a 2018) comprovam a sustentabilidade da raça. Houve aumento de 60% na produção de leite de bovinos da raça Girolando enquanto a emissão de metano apresentou redução de 40% no período estudado. “É uma alternativa importante para os produtores de leite contornarem os desafios climáticos, fazendo com que seja possível atender os requisitos da COP-26, em um dos cinco pilares, a agricultura e pecuária de baixo carbono e preservando as condições de bem-estar animal”, destaca o pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Marcos Vinicius Gualberto Barbosa da Silva, responsável pelas avaliações genéticas e genômicas do Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG).

Quando as vacas estão em estresse térmico podem deixar de produzir em média 1.000kg de leite, considerando uma lactação de 305 dias. “Em casos de estresse térmico severo, as perdas produtivas superaram os 2.000kg de leite por lactação. Valores muito expressivos e que demonstram que uma vaca, em uma única lactação, pode deixar de produzir até 34%. A perda produtiva gera impacto negativo em toda a cadeia do leite e no mercado consumidor, em função da sazonalidade da produção de leite nos trópicos. Por isso, o pecuarista deve ficar atento a essa característica na hora de selecionar os animais de seu rebanho”, orienta o pesquisador.

O presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, Domício Arruda, destaca que essa evolução da raça é resultado do trabalho de melhoramento genético realizado pelos selecionadores, a partir das tecnologias do PMGG. “Em 2022, a classificação de tolerância ao estresse térmico foi incluída no Sumário de Touros da raça. Isso permitirá aos criadores incluírem essa característica em seus sistemas de seleção, produzindo com maior consciência ambiental, dentro das atuais demandas do mercado mundial, o que certamente abrirá novas fronteiras para a genética da raça Girolando”, diz Arruda.


História da raça

A raça Girolando surgiu por volta da década de 1940, no Vale do Paraíba, no estado de São Paulo, quando um touro da raça Gir teria invadido uma pastagem vizinha e cobrido algumas vacas da raça Holandesa. Ao nascerem os produtos desse cruzamento, os criadores observaram que eram animais com características diferentes e que, com o tempo, foram demonstrando maior rusticidade, precocidade e grande produção de leite.

Com o tempo, o cruzamento passou a ser largamente utilizado no país e com a fundação da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, em 1978, buscou-se a formação da raça por meio de cruzamentos direcionados para atender os critérios definidos pelo MAPA. Hoje, a entidade tem o maior número de animais registrados do Brasil entre as raças leiteiras, atingindo 2.131.370 registros acumulados no período de 1989 a 2022. Só em 2022, foram 93.551 registros efetuados.


via assessoria

Comentários