*Edilo Nunes
O valor desembolsado pelo governo brasileiro para o Plano Safra 2023/24, iniciado em julho, somou R$ 101 bilhões nos dois primeiros meses do ano-safra, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária. Do valor, os financiamentos de custeio representaram R$ 64,3 bi. Outros R$ 12,1 bi foram concedidos em linhas de investimento. O montante total previsto e anunciado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, para financiamentos, é de R$ 364,22 bi. Mesmo assim, muitos produtores não conseguem acessar tão facilmente os subsídios.
Como alternativa, muitos produtores buscam soluções, uma delas é o barter, que embora não seja novidade, tem tido ampla adoção no cenário brasileiro nas últimas safras. Nesse sistema, produtores rurais optam por realizar trocas de seus produtos por insumos agrícolas, como fertilizantes, sementes ou defensivos agrícolas, ao invés de efetuarem transações monetárias. Esse mecanismo tem sido particularmente prevalente em áreas onde a obtenção de crédito apresenta restrições, fornecendo à classe produtora uma importante alternativa viável para a aquisição dos insumos necessários à produção.
Essa modalidade de negociação oferece benefícios tanto para os agricultores, quanto para as empresas fornecedoras de insumos, por exemplo. Ao escolher o barter, é possível adquirir os produtos que são essenciais sem a necessidade de mobilizar capital de giro, o que pode se revelar um trunfo significativo, especialmente durante as safras. Paralelamente a isso, as marcas estabelecem vínculos diretos com a classe agrícola, fortalecendo mais ainda as relações comerciais.
Vale ressaltar que é crucial considerar que o sistema de barter não está isento de desafios. A volatilidade dos preços das commodities agrícolas nos mercados internacionais é um fator que demanda atenção, uma vez que pode impactar a equação de troca. Além disso, uma gestão diligente dos contratos é imperativa para assegurar que os insumos sejam entregues no momento adequado, evitando atrasos que possam afetar a produção.
Além dos desafios mencionados anteriormente, é importante abordar a mitigação do risco de crédito, especialmente do ponto de vista das empresas fornecedoras de insumos agrícolas. No contexto do sistema de barter, onde as transações financeiras tradicionais são substituídas por trocas de produtos, existe a necessidade de garantir a segurança das operações e minimizar o risco de inadimplência por parte dos produtores rurais. Para isso, as empresas frequentemente empregam avaliações rigorosas da capacidade financeira dos agricultores e implementam estratégias que envolvem a diversificação de sua base de clientes, o estabelecimento de limites de crédito adequados e a adoção de cláusulas contratuais que abordem cenários de potencial inadimplência.
Ao adotar essas medidas, as empresas podem atenuar o risco de crédito associado às operações de barter, garantindo uma base sólida para a sustentabilidade desse modelo de negociação.
A multinacional DVA, por exemplo, retomou suas atividades comerciais no Brasil em 2021 e tem como valor a orientação do que é mais adequado ao produtor rural. Neste sentido, acreditamos como companhia, que para muitas culturas no Brasil o barter, além dos benefícios descritos, passa a ser um modelo de acesso ao mercado internacional. Mantendo assim a identidade do produtor como originador da cadeia. A marca apoia intensamente a valorização do agricultor brasileiro e suas boas práticas no mercado externo.
Para finalizar, acredito que o sistema de barter demonstra ser uma alternativa de destaque no contexto do setor. Sua flexibilidade proporciona maior acessibilidade a insumos essenciais, contribuindo para o desenvolvimento e crescimento desse crucial segmento da economia nacional. Para maximizar os benefícios dessa abordagem, é fundamental que os agentes envolvidos estejam atentos à mitigação dos riscos inerentes, considerando cuidadosamente a volatilidade dos preços das commodities e a gestão dos contratos.
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