Clima beneficia safra argentina e norte-americana de soja e mantém expectativa de preços pressionados para baixo
Produtor deve estudar compra antecipada de fertilizantes
para aliviar altos custos nas próximas safras,
avalia consultoria Agromove
Fevereiro se despede com altas temperaturas no campo, mas o mercado segue desaquecido. Após uma turbulenta semeadura, as máquinas estão a campo colhendo a safra de soja, que segue enfrentando preços baixos no mercado. O bom desempenho das lavouras da Argentina e dos Estados Unidos têm preocupado o produtor brasileiro.
“O momento é de cautela, o clima tem cooperado para a recuperação da safra dos principais concorrentes do Brasil. Nos Estados Unidos há um movimento interessante para o investimento na oleaginosa, principalmente para esmagamento na produção de biocombustível. Com a regularização da oferta do grão no mercado global, o cenário é preocupante para o agricultor brasileiro, que deve seguir enfrentando preços baixos e custos elevados. Para evitar mais prejuízos, a orientação é comprar fertilizantes antecipadamente para não ter surpresas na próxima safra.”, avalia Alberto Pessina, CEO da Agromove, plataforma de inteligência de mercado que auxilia os produtores rurais na compra e venda de soja, milho e boi.
O produtor brasileiro tem esperança no milho, que conta com um bom aliado - o clima. De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a semeadura do milho 2ª safra atingiu 80,38% da área total estimada para o estado na safra 2023/24, na última semana de fevereiro. Mesmo próximo ao fim da janela “ideal” de semeadura em Mato Grosso, o ponto de atenção continua sendo as condições climáticas, visto que as chuvas devem diminuir a partir do final de março. A expectativa agora é com a safra norte-americana, a região conhecida como “corn belt”, ou, Cinturão do Milho, tem apresentado boas expectativas de chuvas durante o plantio da lavoura , apesar da redução na área, um fator que tem chamado a atenção.
“O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) mostra uma área destinada ao milho com 36,82 milhões de hectares, redução de 3,8%, para a safra 24/25. A expectativa é de aumento das exportações americanas - de 53 para 55 milhões de toneladas. Mas o que vai ditar esse cenário para os próximos meses no Brasil, é o mercado interno, em que é destinada boa parcela da nossa produção”, conceitua Pessina.
Na pecuária, o comércio de carnes deve crescer 3% na próxima década. No entanto, o ritmo de crescimento será menor que na década anterior. “O relatório do USDA mostra que os países desenvolvidos devem permanecer com mais de 55% da fatia de exportações, uma queda de 3% em relação à década anterior. Brasil e EUA devem representar 20% desta fatia. O maior crescimento em importações será da África, que tem potencial para consumir 78% do crescimento adicional em importação de carnes. O frango deverá representar um terço do aumento adicional desta demanda.”, explica o consultor.
Enquanto o futuro ainda é desconhecido, o pecuarista brasileiro segue na esperança de uma valorização no preço da arroba. “Apesar das negociações entre pecuarista e frigorífico continuarem travadas, e com preços nada animadores, há previsão de retomada para o segundo semestre. A estratégia de momento de alguns produtores é aproveitar o cenário favorável das pastagens, para segurar o gado e conseguir uma melhor negociação”, reforça Pessina.
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