EXPORTAÇÕES
A ÁRABES AVANÇAM 26% NO SEMESTRE
As
exportações brasileiras para os mercados da Liga Árabe cresceram 25,8% no
primeiro semestre do ano, totalizando US$ 11,217 bilhões, segundo a Câmara de
Comércio Árabe-Brasileira.
O
resultado chama a atenção pelo fato de as vendas para o bloco terem avançando
bem acima das exportações totais do Brasil, incluindo a liga, que cresceram no
período somente 1,4%, para US$ 167,608 bilhões, e andaram de lado devido a
desvalorização do açúcar, da soja e do milho, que registraram recordes de
produção e menor demanda na China.
AVALIAÇÃO
Na
avaliação da entidade, o avanço nas vendas para a Liga Árabe é um indicativo da
resiliência econômica da região, principalmente dos países do Golfo, que vêm se
esforçando para manter suas economias aquecidas, inclusive remanejando recursos
internos e buscando dinheiro estrangeiro, para manter o ritmo dos investimentos
estatais para a transição econômica, rumo à era pós-petróleo.
“O
crescimento das exportações aos árabes mostra que as principais economias da
Liga Árabe seguem aquecidas, demandando alimentos para consumo próprio e para atividades
de reexportação, que são componente importante das economias do Golfo
atualmente, além de minério de ferro, usado em projetos de infraestrutura”,
afirma Tamer Mansour, secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira.
VALOR AGREGADO
O
executivo, no entanto, chama atenção para a baixa prevalência de produtos
brasileiros nos segmentos de valor agregado. Ele menciona o caso do açúcar
exportado aos Emirados Árabes. Segundo Mansour, boa parte do produto é
atualmente matéria-prima para uma das maiores usinas do mundo, operada em
Dubai, onde é refinado, embalado e exportado para outros países da Liga Árabe,
da África e até para ex-repúblicas soviéticas.
VENDAS DE GADO EM PÉ
Outro
caso citado por Mansour são as vendas de gado em pé para a região, que, na
prática, é o fornecimento de matéria-prima para frigoríficos participarem de
mercados demandantes de produtos de valor agregado. “Alguns países têm
enfrentado essa situação estabelecendo subsídios para a produção de valor
agregado, assim como já é feito no financiamento do agronegócio, vendo nesse
esforço um investimento na própria competitividade”, ressalta.
MERCADO DE ALIMENTOS HALAL
Há
também a iniciativa da BRF de integrar uma joint-venture na Arábia Saudita para
atuar no mercado de alimentos halal, o investimento da JBS numa fábrica de
empanados de frango em Jeddah, no sudoeste do país, além de um aporte da
catariana Nebras Power no Brasil, para a produção de energia verde, em joint-venture
com a CEI Energética.
“O
Brasil está conseguindo ampliar a exportação de valor agregado também por conta
dessas parcerias, que devem se intensificar daqui para frente, inclusive, de
forma cada vez mais recíproca, ou seja, nos dois lados da relação bilateral”,
entende Mansour. (via assessoria).
ARROZ EM BAIXA LIQUIDEZ
Pesquisas
do Cepea mostram que as negociações no mercado de arroz em casca do Rio Grande
do Sul continuam lentas, devido à disputa entre compradores e vendedores.
Segundo agentes consultados, os atuais valores do produto com 58% de grãos
inteiros – acima de R$ 115/saca de 50 kg em algumas regiões – pressionam as
margens de lucro de unidades de beneficiamento e dificultam a transmissão de
preços ao longo da cadeia.
ARROZ TAILANDÊS
Além
disso, algumas indústrias estão se dedicando ao beneficiamento do arroz
tailandês, que recentemente chegou ao Brasil. Do lado dos vendedores, conforme
pesquisas, parte segue restringindo suas ofertas, enquanto outros negociam no
mercado à vista a valores elevados.
RETOMADA DA CENOURA NO RS
Levantamento
da equipe Hortifrúti/Cepea mostra que, após alguns meses da tragédia climática
que atingiu o Rio Grande do Sul (entre meados de abril e maio), o cenário para
produtores de cenoura ainda é extremamente desfavorável. Em Caxias do Sul,
colaboradores relatam dificuldade em relação à colheita e ao plantio. As poucas
áreas que estão sendo colhidas apresentam problemas fitossanitários e qualidade
das raízes prejudicada. O clima atual, com chuvas pouco recorrentes, também
dificulta a semeadura de novas áreas, e mesmo as que não foram atingidas pelas
enchentes foram acometidas por alto volume pluviométrico, dificultando não
apenas o plantio, mas também a retomada produtiva na região.
PRODUTIVIDADE
Segundo
dados levantados pela equipe Hortifrúti/Cepea, no comparativo entre jul/24 e
jul/23, houve um decréscimo de 52% da produtividade na praça. Em relação às
cotações, a maior oferta nacional tem pressionado os valores semana após
semana, deixando parte dos produtores que restaram na atividade, no vermelho.
Entre junho e julho deste ano, os preços caíram expressivos 56% na região de
Caxias, o que torna a continuidade nas lavouras inviável para alguns.
TRIGO: SAFRA GLOBAL PODE SER RECORDE
Os
preços internacionais do trigo voltaram a ceder nos últimos dias, influenciados
pela possibilidade de oferta mundial recorde na temporada 2024/25.
Pesquisadores do Cepea lembram que os valores externos vinham avançando diante
da estimativa de menor produção na Rússia (principal exportador mundial de
trigo), resultado da queda na área de cultivo no país e das condições climáticas
desfavoráveis às lavouras.
SAFRA RUSSA E ARGENTINA
Entretanto,
novas projeções da consultoria SovEcon indicam que a safra russa deve passar de
84,2 para 84,7 milhões de toneladas, elevando o otimismo para uma marca
histórica na disponibilidade global de 2024/25. Números da Argentina reforçam
as expectativas de oferta mundial de trigo elevada, ainda conforme analisam
pesquisadores do Cepea. Relatório divulgado pela Bolsa de Cereales em 25 de
julho estima produção em 18,1 milhões de toneladas, 19,8% superior à da safra
2023/24.
OVOS: PREÇO SEGUE EM QUEDA
A
menor procura frente à oferta tem refletido em sucessivas quedas nos preços dos
ovos nesta segunda quinzena de julho. Colaboradores consultados pelo Cepea
relatam que as vendas estiveram bastante reduzidas ao longo do mês, devido à demanda
retraída, o que acabou gerando sobras de ovos nas granjas, mantendo os valores
em baixa.
FOCO DE DOENÇA PREOCUPA SETOR
Além
disso, agentes estão atentos aos impactos da confirmação de um foco de
Newcastle numa granja comercial de frangos em Anta Gorda (RS) sobre o setor.
Apesar de, na última semana, o Ministério da Agricultura e Pecuária ter
notificado a Organização Mundial de Saúde Animal sobre o fim do foco da doença,
o Rio Grande do Sul, especificamente, seguia temporariamente suspenso de enviar
ovos para diversos países, como o Chile. Isso preocupa agentes do setor, visto
que o país tem sido o principal destino dos embarques brasileiros de ovos,
incluindo produtos in natura e processados, nos últimos meses. Conforme
pesquisadores do Cepea, caso esse volume não seja enviado a outros parceiros
comerciais, a oferta de ovos no mercado interno, que já está alta, poderá
aumentar e pressionar ainda mais as cotações da proteína.
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